Para a minha sétima estrelinha

Hoje eu acordei sem esperança. Sem coragem. Sem forças.

Acordei com o coração doendo, sangrando, faltando um pedaço.

Acordei sabendo que chegou o dia de dar minha última prova de amor a vc.

Vc não merece mais sofrer, leãozinho. Só merece tudo de lindo que existe no mundo e que lhe negaram a vida inteira. Vc merece dignidade, amor e respeito. É por isso que estou recolhendo os caquinhos e tentando fazer o meu melhor.

Antes doer em mim do que em vc.

Sabe, véia, eu a amei desde o primeiro dia, anos antes de ser minha.

Olhava suas fotos emburrada, rabugenta, velhinha, com FIV+ e repetia “essa aí é meu número. Um dia virá morar aqui!”.

E vc veio mesmo.

As pessoas diziam que veio para “ter um fim digno”, “estar em paz”, “ter um cantinho para ficar sozinha e tranquila”.

A intenção era realmente essa. Só que, no final, foi TÃO mais, né, véia?

No final, vc aprendeu que carinho é bom. Aprendeu a amar, a confiar, a me chamar de madrugada para ganhar seu sagrado sachezinho.

Vc ficou tão mimada!

Demorou muito tempo, mas vc aprendeu o que é fazer parte de uma família.

E me ensinou que nunca é tarde. De verdade, sem clichês.

Eu nem sei mensurar o tamanho da minha gratidão por esse ano que tivemos juntas.

Fomos tão felizes!

Meu peito dói, de tanta saudade.  Não está sendo fácil aceitar que vc não quer mais viver.

Perder o nego foi um golpe duro, ainda mais para quem já sofreu tanto nessa vida, eu sei.

Morrer de amor é triste. Porém, pior seria viver sem ter tido essa chance.  Amar tão profundamente assim é um privilégio.  Que bom poder lhe proporcionar isso.

Então, vai encontrar seu negão de tirar o chapéu , minha véia.

Brilha, resmunga bastante lá no céu e dá um cheiro bem caprichado nele por mim.

Até qualquer dia.

Te amo para sempre.

Gosto muito de te ver, leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, leãozinho
Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho
Um filhote de leão, raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
(…)
Gosto de te ver ao sol, leãozinho
(…)
De estar perto de você
Tua pele, tua luz, tua juba…

#velharabugenta

#paixãoantiga

Diálogos com o maridón – o livro (catorze anos!)

Catorze anos juntos e ele ainda me surpreende.

Catorze anos juntos e ele ainda se preocupa em preparar os presentes mais fodásticos da galáxia.

Catorze anos juntos, rindo um do outro (mais dele do que de mim, é verdade).

Catorze anos juntos, dizendo sim.  Hoje, ainda e sempre.

Catorze anos de “Dialógos com o maridón” agora em um livro ilustrado, feito especialmente para nós.

Obrigada por ser tão incrível, lindão.

Te amo para sempre!

❤️

#catorzeanos

#bos

#ohana

#timtimparanós

Eu, você,  dois três filhas, treze gatos (chuinf 💔) e  um três cachorros (chuinf 💔)

Um edredom, um filme bom no frio de agosto….

E aí, cê topa?

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Entre filmes, declarações de amor e um sequestro imaginário (Parabéns, mãe!)

Caí na besteira de assistir ao filme da Björk, chamado Dançando no Escuro (se vc tem um coração, prefira arrancar todos os dentes do siso antes de fazer isso #ficaadica).

Chorei umas três horas seguidas.  Saí do cinema chorando. Entrei no carro chorando. Chorei o caminho inteiro.

E aí, tomada por um instinto suicida pela emoção, achei que seria uma ÓTEMA ideia telefonar para a minha mãe, tarde da noite, e me declarar (ai, como sou fofa ♥ #todaschora).

Acontece que metade da minha mãe é amor e a outra metade é desconfiança.

Ou seja, deu ruim, cla-ro:

– Alô?

– Oi, mã, snif, sou eu, snif. Só liguei, snif, para dizer que te amo, snif.

– Paula, que tarde! Está tudo bem?

– Tudo bem, snif.  Só queria que vc soubesse, snif, tá? Um beijo, snif.

– Beijo, durma bem, filhoca.

Um minuto e meio depois, toca meu telefone:

– Paula, é a mamãe! SE VC ESTIVER SENDO SEQUESTRADA, DIGA “AZUL”!

Essa é minha mãe, senhoras e senhores.

Entre sequestros imaginários e o CSI do bolor muita coisa começa a fazer sentido sobre mim, não é mesmo?

Hoje é o dia dela.

Parabéns, Dra. Sílvia!

Muita saúde, felicidade, dindin, sucesso, paciência e força para correr atrás da netaiada.

Maior te amo!

(não, eu não estou sendo sequestrada.)

(não, não mesmo. Está tudo bem, juro!)

(AZUL! AZUL! A-Z-U-L! AZUUUUUUUUUUUUUUUUUULLLLLLLLL!!)

Mamãe

Primeiro ciclo

Cidreira quase se foi por duas vezes essa semana .

Parou de comer, não saía mais da casinha e só se levantava, de tanto em tanto, para miar no portão chamando o Darth. Um miado doído, triste, de quem não está sabendo lidar com a saudade.

Ficou pele e osso. Descontrolou a doença renal.  Quase ativou a AIDS. Pegou uma gripe oportunista que virou pneumonia e, depois de duas bolas na trave, terminou em internação.

Meu coração ficou pequenininho vendo minha véia ali, encolhidinha na gaiola, ainda mais quando os exames confirmaram o que já haviam me dito no laboratório e no hospital: Cidreira tem nada mais, nada menos do que uns VINTE ANOS.

V-I-N-T-E-A-N-O-S.

Cada um tem o seu calcanhar de Aquiles nessa vida.

O meu são os velhinhos e os portadores do vírus da FIV (AIDS felina).

São esses que escolho para acolher e oferecer “um ano de vida boa” quando chegam aqui.

Só que o “um ano” da Ci é amanhã.

Nos últimos 365 dias ela virou minha hóspede, aprendeu a confiar, foi internada duas vezes, fez uma cirurgia, aceitou carinhoentrou oficialmente para a família, ficou amiga da Dorinha e da Pilar, teve uma superbactéria, virou objeto de estudo da Faculdade de Medicina da USP, se apaixonou por um negão de tirar o chapéu e ficou viúva.

Foi um ano intenso, é verdade.  Mas não está nem perto de ser suficiente.  Faltam pelo menos dezenove de vida sofrida para compensar.

Minha véia segue internada e só consigo pensar que ainda cabem um MBA, mestrado e doutorado em rabugice, antes que a missão seja cumprida.

Não, eu não consigo desistir dela. Espero, de coração, que ela também não desista de mim.

#véiarabugenta

#paixãoantiga

#adoteumvelhinho

#correntedobem

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Ainda sobre violência obstétrica

Dora vai fazer dez meses e eu ainda não tive coragem de falar sobre o parto dela aqui.

Foram três cesáreas, com três médicos diversos – todos particulares – mas essa foi, de longe, a pior.

Pior, porque eu realmente acreditei no meu obstetra, nas referências, nas indicações.  Eu REALMENTE acreditei que seria diferente.

Não foi.

Caí no golpe de novo e terminei em uma cirurgia desnecessária mais uma vez, a terceira consecutiva.

Lembro como se fosse hoje da assistente dele segurando minha mão e falando baixinho, no meu ouvido: “Não concordo com o que ele está fazendo, só que tenho um limite de atuação. Peço desculpas.  Por favor, não fique triste comigo“.

Eu até poderia fazer o jogo do contente, como fiz no nascimento da Lily.

Porém, não vou ficar quieta dessa vez.

Outro dia ouvi que “conselho ajuda, mas exemplo arrasta” e é isso que quero fazer.

Quero arrastar, quero puxar, quero mover, quero mudar, quero gritar bem alto, para que outras grávidas tenham o que faltou no meu caminho: RESPEITO e VOZ.

Ainda não consegui escrever, é verdade.  Mas um pedacinho de cada uma das minhas três histórias está aqui, ilustrando a campanha linda da Comparto.

Porque cada nascimento importa SIM e espero que tudo isso seja apenas o começo.

Para eles e para nós.

#cadanascimentoimporta

#partocomrespeito

#violênciaobstétrica

Quando um exemplo vale mais do que mil palavras – parte 5

Quem amamenta não pode comer o que quer. Não pode beber o que quer. Não pode sair quando quer. Não pode dormir quando quer.

Quem amamenta sente dor no começo, se machuca, fica cansada. Não tem hora, não tem tempo, não tem lugar.

Sim, amamentar é lindo, mágico, único, indescritível.

Mas também é FODA.

Amamentar é nutrição, é saúde, é proteção, é vacina, é aconchego, é carinho.

É a sementinha plantada nas gerações que estão por vir.

Amamentar é uma prova diária de amor.

E é isso que faz tudo valer a pena.

#umexemplovalemaisdoquemilpalavras

#semanamundialdoaleitamentomaterno

#SMAM

#doeleite

#doesaúde

#doevida

#doeamor

Para a minha sexta estrelinha

Eu lutei.

Muito. Irracionalmente até.

Mas, domingo, quando saí correndo com vc para a internação, já sabia que tinha perdido a batalha.

Eu tentei.

Muito. Passionalmente até.

Foram seis meses procurando lhe dar uma vida digna, sem a confiança de ter acertado.

O limiar entre cuidado e supressão de liberdade é tênue, eu sei.

Eu amei.

Muito.  Impulsivamente até.

Porém, nunca soube se vc foi mais feliz na rua ou aqui.

Eu chorei.

Muito.  Desesperadamente até.

Vi aquele fiapinho de gato na gaiola e tive a certeza de que era o momento de deixá-lo partir.

Começar uma história geralmente é fácil.  Difícil é escrever o fim.

Mas vc estava cansado, né?

A véia vai entender.  Eu também.

Obrigada, meu nego.

Obrigada por me esperar até o último minuto.

Obrigada por permitir que nossa despedida fosse no colo, aconchegados, como sempre deveria ter sido.

Obrigada por mostrar, no apagar das luzes, que meu amor foi sim correspondido.

Brilha, jedi.

Brilha lindo, brilha forte, brilha para nós duas.

Te amo para sempre.

Você um negão
De tirar o chapéu
Não posso dar mole
Se não você créu
Me ganha na manha e baubau
Leva meu coração…
(…)
Me pego toda hora
Querendo te ver
Olhando pras estrelas
Pensando em você
Negão, eu tô com medo
Que isso seja amor….

#GOdarth

#umjediparachamardeMEU