Filhos famosos – parte 4

Para muitas pessoas réveillon é sinônimo de festa, paz, confraternização.

Já por aqui é sinônimo de arrepios, seja pelos bichinhos que morrem para “celebrar a vida e a renovação”, seja pelos fogos de artifício, que aterrorizam crianças e animais.

Todos os anos é a mesma coisa: redes sociais invadidas por pedidos de ajuda para gatos e cachorros perdidos, relatos de mortes, bebês acordando assustados e por aí vai… Fora o número avassalador de passarinhos que morrem de ataque cardíaco, de puro pânico.

Mas, beleza, o importante é a festa ser bem bonita, C-L-A-R-O.

Foi pensando nisso, que aceitei gravar essa entrevista com algumas dicas para proteger seus bichinhos, no dia em que a Dora teve alta da internação (ignorem a cara de zumbi, por favor). Para ver, clique aqui.

Se servir para salvar um único coitadinho desse terror todo, já terá valido a pena.

E para vc, meu queridão, que adora soltar fogos e fazer barulho em dias de festa ou futebol, eu só desejo um 2016 ESPECIAL, com muitos pedágios na sua estrada, filas sempre que quiser ir ao banheiro e pastéis recheados de ar. Beijo, não me liga.

Tim tim!

#correntedobem

#quemamaprotege

Entrevista

Presente extra do Papai Noel

Era uma vez uma gatinha bebê, que tinha todos os sonhos do mundo.

Tudo que ela queria era brincar, comer, dormir e brincar mais um pouquinho depois.

O tempo foi passando, a maturidade chegando e ela passou a querer uma casa segura, dinheirinho para o pão nosso de cada dia e um sofá para chamar de seu. Só.

O problema é que essa gatinha nunca teve uma chance e foi ficando amarga. Cada dia mais entocada, escondida, esquecida pelos cantos do abrigo. Brava, aprendeu a rejeitar as pessoas, antes que fosse rejeitada mais uma vez.

Aí vieram a velhice, a AIDS e a doença renal crônica.

Pronto, seu destino estava traçado, morreria sozinha.

Só que não.

Se ninguém mais a quis, eu quero.

Aliás, quero muito, desde o primeiro dia em que a conheci.

Cidreira agora é doce (pelo menos comigo), tem casa, família, irmãos que detesta, tag própria no blog e será feliz para sempre.

Não importa se teremos muitos anos ou apenas alguns meses juntas. O que importa é que amor não escolhe idade, sexo, raça, cor, tempo, saúde, nada.

Amor é apenas amor. E se basta.

Seja bem-vinda, minha véia.

#partiuaposentadoria

#adoteumvelhinho

#velharabugenta

#paixãoantiga

Cidreira em Ibiuna 2

Antes, para poder ser examinada no abrigo.

E depois ❤

Notícias do mundo de cá – parte 6

Aos cinco anos, eu queria um LP da Xuxa de presente de Natal (idade avançada detected).

Aos dez, uma bicicleta.

Aos quinze, eu queria um sapato bacana, uma roupa da moda ou uma bijou esquisita.

Aos vinte, eu queria um carro.

Aos vinte e cinco, eu queria jóias, muito ouro, inshalá.

Aos trinta, eu queria salvar o mundo, acabar com as injustiças e com o abandono de humanos ou de animais.

Mas, esse ano, tudo que quero é passar o Natal com a minha família reunida e as três marias vendendo saúde.

Ainda bem que o bom velhinho sempre vem.

Depois de duas semanas de pesadelo, Dorita teve alta e poderá continuar o tratamento em casa.

E eu me sinto no Oscar, levando o melhor prêmio do mundo, com uma lista gigantesca de agradecimentos para fazer.

OBRIGADA – assim, em letras garrafais e neon piscante – de coração a todos que torceram, rezaram, enviaram pensamentos positivos ou qualquer tipo de ajuda nos últimos quinze dias.

Vcs me deram forças quando tive medo, me deram coragem e colo.

Dorinha não se lembrará de nada disso, eu sei.

Mas NUNCA vou esquecer de quem me estendeu a mão, quando as minhas não foram mais suficientes.

Obrigada, obrigada, obrigada ❤

Estamos indo de volta para casa.

#GOdoínha

#boletimdodia

#cabemtrêsvidasinteiras

#ohana

Alta do hospital

Notícias do mundo de cá – parte 4

Hoje acordamos às cinco e pouco da matina.

Dora estava agitada e ficou acordada a manhã inteira, em um comportamento bem diferente do padrão.

Quis mamar de hora em hora, lutando contra o peito. Na última vez, vomitou. De novo.

Estou repetindo para mim mesma que está tudo bem, faz parte. Muitos remédios, muita gente cutucando, tudo diferente.

Só que, lá no fundo, o sinal de alerta acendeu.

Achei que faria um post feliz hoje, contando que tiramos a sonda, que ela estava estabilizada e que iríamos para o quarto.

Mas, por enquanto, teremos que aguardar as cenas do próximo capítulo.

Obrigada a todos que estão torcendo por nós.

#GOdoínha

#boletimdodia

Dora na semi

Notícias do mundo de cá – parte 3

Adivinhem quem acordou depois de muitas, muitas, muitas horas dormindo?

E, apesar da tosse bizarra, não tem coqueluche?

E, apesar da sonda, conseguiu mamar um pouquinho no peito?

E, mesmo sem oxigênio, está conseguindo manter a saturação?

E, por tudo isso acima, poderá ser transferida para a semi-intensiva?

Depois de um sábado infinito, que se estendeu até agora, sem sono, sem descanso e cheio de desespero, finalmente consigo ver uma luzinha lá no final do túnel.

Tudo isso graças a vcs e à equipe maravilhosa do hospital, que nos trata com um carinho ímpar.

Se é verdade que – mesmo após mil anos – eu não vou esquecer o que aconteceu, também é verdade que nunca mais vou me esquecer dessa corrente do bem que se formou pela recuperação da minha filhota.

Teve gente que atravessou a cidade só para nos trazer um lanchinho.

Teve gente que mimou minhas outras meninas, para compensar a nossa ausência.

Teve gente que veio até a recepção do hospital, apenas para me dar um abraço.

Teve gente que não aparecia há anos e voltou.

Teve gente que ofereceu ajuda, acendeu vela, incluiu o nome da Dora em grupos de oração.

Fiquei com os olhos cheios de lágrimas, quando abri minha caixa de e-mails e vi milhares de mensagens vindas de conhecidos e desconhecidos, todos torcendo por nós.

Cercados de tanto amor, fica impossível perder a esperança de que tudo vai dar certo.

Doínha vai sair da UTI, vai para a semi, vai para o quarto, vai para casa.

E eu vou ter minha família toda reunida nesse Natal, vcs vão ver.

Fé, foco e força.

Obrigada, obrigada, obrigada ❤

#GOdoínha

#boletimdodia

Dora na UTI - 2

Notícias do mundo de cá – parte 2

Meus queridos,

Tentei bastante responder todos os recados, mensagens, zapzaps, e-mails e comentários um a um, mas não estou dando conta (como agradecer por tanto carinho? ♥), fora que o tempo está curto e a internet lenta.

Então, achei mais fácil centralizar as informações aqui, espero que não se importem.

Seguimos internados na UTI.

A Dora está bastante congestionada, com tosse, dificuldade para respirar e enjoo. Como tivemos vários episódios de vômito e engasgo, os médicos preferiram passar a sonda, deixando meu coração ainda mais esmigalhado.

Eu agora passo várias horas do dia no lactário, o que não é de todo ruim, porque de vez em quando encontro outra mãe lá e posso conversar um pouquinho.

O exame dela deu positivo para parainfluenza (bronquiolite). Ainda estamos esperando o resultado do teste de coqueluche, mas já começamos o antibiótico preventivo.

O remédio deu diarreia e a temperatura dela está bem baixa, na casa dos 34/35 graus. De resto, tudo na mesma.

Se puderem continuar mandando energias positivas e boas vibrações, eu e Doínha agradecemos de coração.

Não se esqueçam de nós, por favor.

Beijos.

Paula

#GOdoínha

#boletimdodia

Dora na UTI

Notícias do mundo de cá

Não sei nem como descrever o que estamos passando nesses últimos dias.

Palavras como UTI, CPAP, isolamento, sonda, bronquiolite, coqueluche, aspiração, broncoaspiração, taquicárdica, saturação, xis brotam aos sete ventos, sem que eu consiga acompanhar o ritmo das coisas.

Ainda não temos previsões, prognóstico, nem o diagnóstico propriamente dito, mas ninguém, ninguém, ninguém merece passar por isso.

Muito menos aos sessenta dias de vida.

Ninguém merece sentir dor, medo, fome e ter que chorar sozinha, tão pitica, sem poder ganhar o colo que até ontem era seu.

Dorinha está aqui, cheia de fios por todos os lados, enquanto eu fico na inércia, acordada até agora, tirando forças sabe-se lá de onde, com o coração dividido, pensando nas minhas outras meninas lá em casa.

Como alguém me disse ontem, as cicatrizes serão eternas.  Em mim e nela.

Eu só quero que esse pesadelo acabe.

Porém, fiz questão de escrever para agradecer por todo o carinho que estão dedicando a nós. Foram tantas mensagens, comentários, e-mails, zapzaps e telefonemas (não pude atender dentro da UTI, me desculpem), que realmente me senti abraçada.

Quem tem amigos e família tem mesmo tudo.

Torçam por nós, por favor.

Obrigada ❤

#GOdoínha

#boletimdodia

O maior susto da minha vida (ou o dia em que envelheci duzentos anos).

Aí o avô do maridón faleceu.

Liló pegou uma virose DAQUELAS e colocou a família inteira no trono.

Peguei uma gripe estilo “se eu quiser falar com Deus” e passei para a Dora.

A Pi resolveu ficar carente e fazer manhas homéricas, com aquele choro de Conselho Tutelar.

E eu, inocente, reclamei da vida, da semana difícil, de perder a despedida do Rogério Ceni.

Mal sabia que, poucas horas mais tarde, envelheceria duzentos anos em dois minutos.

Além da minha gripe, Dora pegou a virose da irmã, passando a tossir, engasgar e vomitar em um looping eterno.

Durante três dias de tratamento, entre fisioterapeutas e pediatra, tive que desengasgá-la por duas vezes. Até que na terceira não consegui.

Maridón gritou do banheiro, no meio da madrugada: “Ela não está respirando!!!!”.

Corri, peguei meu pacotinho mole no colo, fiz a manobra e nada. Repeti a operação e nada. Chacoalhei, puxei, apertei. Nada.

Com as pernas tremendo, o coração saindo pela boca, os olhos tomados de lágrimas, enfiei o dedo na garganta da Dora e tirei tudo que encontrei pelo caminho.

Ela respirou, ainda engasgada, me fitando com os olhos arregalados e a boquinha roxa.

Maridón colocou a primeira roupa que viu pela frente e correu para o hospital, sem lenço, documento, nem celular, enquanto eu fiquei esperando a titi chegar para ficar com as meninas.

Meu percurso até o pronto socorro – de cerca de um quilômetro – foi infinito.

Eu não sabia se tinha dado tempo, não sabia se eles tinham chegado bem, não sabia o que estava acontecendo.

Passei quase vinte minutos sem saber se minha filha estava viva.

Agora estamos internados na UTI, fazendo exames, em observação. Com ela deve ficar tudo bem.

Comigo não. Nunca mais.

Posso viver mil anos, que esse dia, essa sensação, esse desespero jamais serão esquecidos.

Dorinha dorme tranquila, a espera dos resultados, para definirmos os próximos passos.

Já eu estou quebrada para sempre.

  

Feliz segundo mês, Dora! :)

Quem acha que três filhos é demais certamente não conheceu você, filha.

É bem verdade que as despesas aumentam (muito). O espaço diminui. E às vezes falta um colo livre.

Por outro lado sobra amor. Os sorrisos, abraços e alegrias se multiplicam.

A felicidade é infinita (e o cansaço também).

Três filhos não é para qualquer um, eu sei. Mas ainda bem que foi para mim.

Obrigada por ser meu presente, Dorita.

Te amo.

Mamãe

“Por você conseguiria até ficar alegre

Pintaria todo o céu de vermelho

Eu teria mais herdeiros que um coelho…”

#doismesesdedoínha

#rainhadofrevoedomaracatu

#cabemtrêsvidasinteiras

#ohana

Dora 2 meses