Aí eu estava atrasada, correndo para uma reunião, quando vi uma GALINHA toda machucada em uma macumba, no meio da praça.
Eu poderia ter sido profissional e simplesmente fingido que não vi. Poderia ter usado meus quinhentos bichos – e consequente falta de tempo/espaço/grana – como desculpa. Poderia até ter gastado o zap da gravidez para apaziguar minha consciência. Porém, a verdade é que eu já tinha visto e nada daquilo acalmaria meu coração.
Larguei o carro na rua e me aproximei devagar, abaixada, quase engatinhando, como se tivesse alguma ideia do que fazer a partir daí. A galinha tirou forças sabe-se lá de onde e correu desorientada em direção à avenida, fugindo de mim, em pânico. Para ela, a malvada era eu, claro.
Foram mais de vinte minutos de perseguição com barrigón de seis meses, salto atolado na grama, meia-calça desfiada entre os galhos, sem a mais remota chance de sucesso.
Tentei pedir ajuda, mas ninguém queria chegar nem perto: “Credo, moça! Não se mete com isso! Sai daí que é coisa ruim”, como se a culpa pela ignorância e crueldade humanas fosse da pobre galinha, não o contrário.
Após muito custo, um único senhor se dispôs a me ajudar. Em dupla, conseguimos encurralá-la e usamos as mantas das minhas filhas para imobilização (sorry, meninas…).
A cena que se seguiu foi de dar dó: a galinha estava assustadíssima, se debatendo na caixa de transportes, com o corpinho todo em carne viva, coberto por azeite de dendê. Tipo aqueles pássaros nos acidentes petrolíferos, que ficam com as penas grudadas, sem conseguir se mexer direito, lutando em vão para voar.
A boa notícia é que nada mais grave aconteceu. Cocó (segunda galinha resgatada com o mesmo nome. Criatividade mandou um beijo, eu sei) foi avaliada por um veterinário especialista em animais silvestres, medicada para dor, tomou um banho caprichado e ficará nova em folha daqui a alguns dias. Os tempos de patas atrofiadas, gaiola e tortura ficaram definitivamente para traz.
Em uma semana de notícias avassaladoras, como um cachorro triturado vivo no caminhão de lixo, outro queimado com um maçarico até o último suspiro e um gato de quinze anos espancado até a morte em um cemitério, é reconfortante encontrar um final feliz para variar.
Minha alma está lavada por saber que, pelo menos dessa vez, a maldade humana não sairá vencedora. Sei que é só mais um caso, entre tantos (infinitos!) espalhados por aí. Mas para a Cocó eu fiz a diferença. Para ela eu mudei o mundo. E isso não tem preço.
Agora vem a parte mais difícil: alguém aí procurando uma galinha para chamar de sua (sem ser na panela, ÓBVIO)?
Sorte e gratidão eternas garantidas, tratar aqui. Maridón – e a saúde do meu casamento – agradecem.
Oremos (parte 5.467).
#cocó2amissão
#adoteumagalinha
#umafamíliaparaacocó
#resgatedodia
#correntedobem
#socorro!

Cocô é branca, O amarelo é azeite de dendê. Afão!