Quando um exemplo vale mais do que mil palavras – parte 2

Ela esquenta o “nenáim” no gorrinho, assim como eu faço com a Shae.

Ela prepara o kit-mamada, com direito à toalhinha estendida e chacoalhada de mamadeira, assim como eu faço para bater o leite.

Ela faz cafuné, dá beijos, guarda o “nenáim” junto ao peito, com todo cuidado do mundo e repete “I-ei-ííí” (tecla SAP: Shae).

Não, eu nunca ensinei nada disso. Mas ela viu e aprendeu. Porque exemplo é TUDO na educação dos nossos filhos.

A prova dos nove está aqui.

E eu não poderia estar mais orgulhosa da sementinha que plantei ♥

“Seja a mudança que vc quer ver no mundo”.

#correntedobem

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Reage, milagrinho.

Minha avó sempre dizia que a galinha nos ensinou uma valiosa lição: não cacarejar, antes de botar os ovos.

Eu cacarejei. E me arrependi.

Achei que a luta estava ganha, mas a verdade é que ela mal começou.

Shae está com uma diarreia que não vai embora, o que é bem preocupante em filhoticos tão pequenos, que desidratam fácil.  Além disso, ela não come sozinha de jeito nenhum, o que já deveria estar fazendo, de acordo com a veterinária.  Ela continua fraquinha, quase não ganhou peso.

Então, vim aqui para retirar o que eu disse ontem. Não tem batalha ganha, não tem banana para o maldito-sem-coração, que a abandonou no meio da favela, doente e sem mãe, não tem sapateada na cara da sociedade.

O que tem é muita luta pela frente, boa vontade e um amor que não cabe no peito.

Força, milagrinho. Não desiste, por favor. Meu coração não vai aguentar.

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Meu novo milagrinho

Shae chegou fraquinha, com 3 semanas de vida e apenas 150 gramas.

Mesmo após 24 horas de cuidados intensivos, ela continuava apática, sem massa corpórea, desidratada, desnutrida e ainda tinha taquicardia e herpes nos olhos.

Eu demorava uma hora para cuidar dos irmãos e mais quarenta minutos cuidando só dela, ou seja, as mamadas dos bebês emendavam com as da Lily e a situação começou a ficar desesperadora.

Mas quem tem amigos, tem tudo nessa vida. E eu tive a sorte de estar rodeada de pessoas muito queridas, que se ofereceram para cuidar do resto da família GOT, a fim de que eu pudesse me dedicar à Shae.

O resultado está aqui. A gatinha apática, que sequer abria os olhos, agora ronrona e amassa pãozinho no meu colo.

As chances eram pequenas, tinha tudo para dar errado, ela tinha desistido de lutar e teve que ser alimentada por sonda.

Mas eu não desisti dela. E, como recompensa pelo trauma de ter que entubar um micro-bebê a cada três horas, ganhei um novo milagrinho no meu CV.

Muitas pessoas me perguntam: “como vc consegue?”, “onde arranja tempo?”, “por que procura sarna para se coçar?”.

A verdade é que eu não faço um milésimo do que gostaria ou do que outras voluntárias fazem.

Estou exausta, não comi, não dormi (foram duas horas, nas últimas quarenta e oito), desmarquei compromissos e enrolei toda a rotina da casa por causa desse resgate.

Contudo, minha bebezica teve uma chance e decidiu viver. Agora ela vai crescer, vai ser feliz e mandar uma banana para o maldito-sem-coração, que a abandonou doente e sem mãe, no meio da favela.

No final das contas, o que vale é isso. Nada no mundo paga uma vidinha salva.

Go, Shae!

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Bonde das mamadas – level hard

Daí que vc já amamenta sua bebê humana de duas em duas horas, mas aparece um pedido de ajuda para uma ninhadinha sem mãe, com uma história muito mal contada (ainda em andamento).

Daí que a ninhada desaparece. E depois reaparece. E desaparece de novo. Até que, três dias mais tarde, vc a localiza, no outro lado da cidade (???) e, além dos CINCO bebês, ainda ganha uma filhotona de um ano de brinde.

Eu adoraria sentar aqui e contar a saga toda. Mas, entre filhos humanos e felinos, foram míseros quarenta minutos de sono essa noite.

Alguém aí querendo um micro-bebê-delícia, para chamar de seu?

#mamadeiras

#resgatedodia

#GOT

#sermãeé

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Quero ficar no teu corpo feito tatuagem…

Porque faz dois anos que penso nessas novas tatuagens e adio os planos, por viver em um looping eterno de gravidez e amamentação, gravidez e amamentação, gravidez e amamentação.

Porque ser vegetariana é um sacrifício diário, que faço há cinco anos, mas, ao mesmo tempo, um dos meus maiores orgulhos.

Porque OHANA quer dizer família. Nunca abandonar, nem esquecer. O que poderia ser mais importante para eu carregar sempre comigo?

E, finalmente, porque tatuagens são como gatos, sempre cabe mais uma.  Aqui já são seis. And counting… 🙂

#ohana

#goveggie

#irmãs

#5ae6acheck!

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A saga da volta ao trabalho

Daí que essa é minha segunda licença maternidade e, justamente por isso, eu tinha certeza de que tiraria de letra o retorno ao trabalho.

Já vivi essa fase, já chorei, me desesperei, racionalizei e vi que as coisas dão certo no final.  Passar por tudo de novo seria o mesmo que ler um suspense pela segunda vez. Vc já sabe que o assassino é o mordomo, não precisa ficar sofrendo a cada capítulo, certo?

Spoiler alert: não, errado.

Nos meus devaneios de mulher moderna, eu só não contava com um detalhe muito importante: deixar um filho em casa após seis meses (na verdade quinze) de simbiose profunda é quase tão simples e indolor quanto arrancar um rim a sangue frio. Ou o coração, para ser mais poética, vai.

Agora, deixar duas filhas de uma vez é infinitamente pior. Tipo arrancar todas as unhas dos pés e das mãos com alicate, dar marteladas e depois jogar sal.

Para facilitar ainda mais o processo, porque pouco drama é bobagem, ontem uma das minhas auxiliares pediu demissão. Pelo telefone. E a outra entrará em férias por um mês, exatamente na semana em que eu voltarei a trabalhar. Timing ÓTEMO, uma beleza para eu ficar bem segura e tranquila.

Não, eu não estou preparada. A Lily não está preparada. A Pi, então, nem se fale. Ela está a anos luz de estar preparada.

Como lidar?

Antes que alguém me julgue e diga que “não posso me esquecer de mim”, quero explicar que não tenho a menor pretensão de abandonar minha carreira e virar mãe em tempo integral, ad eternum.

Só precisaria de mais seis míseros mesezinhos, até que a Lily parasse de mamar durante as madrugadas (oremos!), as meninas estivessem maiores e pudessem ir à escola no verão. Seis mesezinhos de um tempo que não volta mais na infância das minhas filhotas, a fim de que eu possa prepará-las para tudo que está por vir.

Será que é pedir demais?

Sim, é, eu sei.

Por isso estou aqui, em plena contagem regressiva, amaldiçoando quem queimou os sutiãs e fazendo listinhas mentais intermináveis de vantagens e desvantagens, na tentativa de me convencer a fazer o que é “correto”.

Por enquanto, o retorno à vida antiga está ganhando por um triz. “Toda escolha implica em um renúncia, vai dar tudo certo” é meu mantra atual.

Duro é o gostinho amargo de “she’s not Rachel”, que teima em permanecer entalado na garganta.

#sermãeé

Um ano de blog! :)

O blog faz aniversário hoje e quem ganha o presente é você!

Ok, é mentira.  Sempre quis usar essa frase e nunca tive oportunidade.  Mas o fato é que quem recebeu o presente durante esse período todo fui eu.

Um ano de blog, 185 posts, quase 1.000 comentários (lidos e respondidos com muito, muito, MUITO carinho), 50 seguidores e 112.000 acessos.

Três filhas novas, duas estrelinhas, sentimentos, risadas, lágrimas e amor ao próximo divididos com pessoas queridas de longe e de perto.

Jamais imaginei que faria um blog, muito menos que conseguiria sustentá-lo por meses a fio, especialmente porque manter tudo atualizadinho demanda um tempo precioso, do qual não disponho no momento.  Fora que caçar e corrigir erros de português perdidos pelos parágrafos dá um trabalho do cão (vááááários passam, eu sei. É o ônus de ser burrinha escrever pelo celular)  e eu não recebo nenhum centavo para escrever.

Contudo, esse carinho gratuito e genuíno que minha família recebe de volta faz tudo valer a pena.

Vocês dão vida ao blog e renovam minha vontade de continuar escrevendo todos os dias, a cada curtida, comentário ou compartilhamento.

Espero que esse aniversário seja apenas o primeiro de tantos que estão por vir, carregados de aprendizados, histórias, trapalhadas e correntes do bem (não teria valor nenhum se não aproveitássemos a chance de espalhar sementinhas por aí, né?).

Sempre acreditei que “tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.  Por isso, sigo aqui, tentando fazer a minha crescer, com a ajuda de vocês.

Obrigada, obrigada, obrigada!

Tim tim para nós! ♥

Precisa-se de bengala com urgência

Maridón foi dar uma palestra sobre carreiras na escola onde estudou. Pirralhada de 14 anos, aquele público bacana e fácil de lidar, só que não.

Caos instalado, todo mundo falando ao mesmo tempo, gritaria e zum zum zum. O professor começou a apresentá-lo: “Nosso palestrante de hoje estudou aqui de 1988 a 1995”.

Silêncio no auditório. De repente a galera solta, em coro e alto e bom som “nooooooooooossssaaaaaaaaaaa”, seguido de uma gargalhada.

Fizemos uma conta mental rápida e percebemos que ninguém ali tinha sequer NASCIDO, são todos do ano 2000 para frente.

Aí eu ri, fiz piada, mandei a história para os amigos, me diverti. Maridón foi chamado de velho por trezentas pessoas de uma vez, rá-rá-rá.

Até que a ficha caiu e me lembrei de que nós dois temos a mesma idade.

Vou ali chorar no cantinho e já volto.

#fuénfuénfuén