Quem acredita em milagres?

Costumo acreditar no improvável/impossível, porque, só no último ano, vi três milagrinhos acontecerem de perto na minha casa.

Shae e Sagui chegaram geladas, sem mãe, fracas, doentes, debilitadas.  Ninguém esperava que as duas fossem escapar.  Hoje brincam de lutinha, correm, destroem tudo e ainda me acordam de madrugada, em busca de um cafuné despretensioso:

Sagui e Shae

Catarina teve “alta” da internação para viver seus últimos dias aqui.  No meio do caminho teve PIF, quase atravessou a ponte do arco-íris e voltou.  Aos trancos e barrancos, completou um mês de vida nova.  Come, mia, amassa pãozinho, me espera na porta.  O desfecho dessa história não será feliz, eu sei, mas cada dia ao lado dela já é uma vitória e um verdadeiro presente:

Catarina lutando

Acontece que hoje está difícil manter a esperança.

Nossa Pandoreta está partindo e levando com ela um pedaço dos nossos corações.  Após superar um câncer, problemas cardíacos e duas cirurgias gravíssimas, vieram a metástase, a anemia profunda e a pneumonia:

Pandoreta

Pior do que a despedida em si, depois de quase catorze anos juntas, é ver o maridón com o peito sangrando, chorando todos os dias e lutando – em vão – por uma dádiva que dessa vez não vai acontecer.

Gostaria muito de poder mudar as coisas, reescrever a história e desenhar um final diferente.

Gostaria de poder tirar com as mãos o sofrimento dela.  E o dele também.

Gostaria que meus filhos fossem todos eternos.

Só que, infelizmente, essa batalha não iremos vencer.

Dizem por aí que não se pode salvar todos, que perder faz parte da existência e do aprendizado, é a regra do jogo.

Contudo, hoje eu não quero brincar de ser adulta, madura, grata, muito menos racional.

Tudo que quero nessa segunda-feira chuvosa é ter o direito de ser uma grávida chorona e conquistar mais um milagre para chamar de meu.

Onde eu assino?

Full House X Modern Family

Eu pretendia fazer um bolão para reunir os palpites sobre o sexo do bebê, com alguma brincadeira divertida, MAS, nos últimos dias, fomos atropelados pela: (i) adaptação sofrida da Lily na escola (alô, terapeuta? Mãe traumatizada detected!); (ii) as cirurgias do Guigo, GregBenji, com suas bocas podres; (iii) o caos no escritório, com acúmulo de trabalho (amém!); (iv) a incógnita da medicina que é a Catarina, que nunca tem alta e ainda passeia na UTI de vez em quando; (v) a Pilar tirando a chupeta e me fazendo pagar por TODOS os meus pecados, com juros e correção monetária; (vi) uma gata devolvida após SEIS anos de adoção; (vii) o Haagen Dazs encarando biópsias de emergência por conta de nódulos gigantescos (benignos, amém 2!); (viii) a castração da Sagui, que me fez chorar com o coração na mão, como se fosse minha primeira vez; e, last, but not least, (ix) cachorros que uivam a madrugada inteira (diariamente) e ainda resolvem organizar uma fuga em massa, só para me matar de desespero (resgatados sem nenhum arranhão, poucos minutos depois, amém 3!).

Enfim, como vcs devem desconfiar, a gravidez acabou completamente esquecida e o ultrassom morfológico já é no final dessa semana, ou seja, o jeito vai ser improvisar por aqui mesmo, que é o que temos para hoje.

As informações e regras do jogo são:

– Tenho 33 anos, estou na 14ª semana e engravidei em janeiro (hello, tabela chinesa!);

– Temos uma ideia de nome para cada um dos sexos, porém ainda não batemos o martelo (não, maridón, não será Elvis – parte 5.025);

– Ganhei um mapa astral de presente em 2012 e nele dizia que eu teria um menino em 2015;

– Pelas leis da matemática e probabilidade, será outra menina;

– Não tive nenhum sintoma, enjoo, nem nada diferente, as gestações estão rigorosamente iguais.  Só não virei o capeta como nas outras vezes, porque tomei metade da dose da progesterona, sem mágicas, nem mistério.

Então é isso: deixe seu palpite de sexo e sugestão de nome nos comentários abaixo (pode ser no facebook também, está valendo).  Quem acertar sexo E nome ganha uma caixa de bombons no capricho.  Se acertar apenas o sexo, ganha um abraço, porque vamos combinar, são poucas as opções, uma galera vai adivinhar esse pedaço e eu agora tenho vinte filhos para criar.

A sorte está lançada!

Sexta-feira venho contar o que deu 😉

#terceirinho

#ohana

#vitorouvitória

Full House x Modern Family

My precious – parte 2

Minha milagrinha completou quatro meses.

Mal posso acreditar que aquela nanogata órfã, com cem gramas, cordão umbilical, olhinhos fechados, pneumonia, toda bagunçada, molenga, mais para lá do que para cá, sobreviveu e virou esse tufão atentado.

Cada dia é uma novidade: ela já se trancou no armário, já caiu dentro do box e passou a noite ensopada, já sumiu por horas a fio e foi encontrada dormindo no penico, já quebrou vaso, vela, telefone, pote, mamadeira, já ficou presa no bar e derrubou todos os copos de cristal (mas não se cortou, amém!), já se enroscou na grade e ficou piando alto até chegar o socorro, já rasgou um pacote inteiro de papel higiênico, já rolou a escada, já roubou cartela de remédio, já derrubou infinitas garrafas de água na minha cama, etc, etc, etc.

Chocar alguém com dezesseis bichos e dois bebês em casa não é tarefa para qualquer um.  Sagui realmente é um fenômeno.  Em menos de dois minutos, corre-pula-brinca-se-machuca-levanta-corre-pula-brinca-se-machuca em um looping eterno, canso só de assistir.  Nem a Shae aguenta mais tanta energia.

Ao mesmo tempo pede carinho, me olha nos olhos, está sempre por perto, minha sombrinha.  Toma café da manhã no meu colo, vive me dando beijinhos, dorme enroscada nos meus cabelos (às vezes os ataca, é bem verdade) e ronrona alto enquanto se estica no meu pescoço.  Sobe e desce quantas vezes for atrás de mim.  Arranha a porta, chorando magoada, se eu a esqueço do outro lado.  Toma banho comigo, deita no lixo quando estou no banheiro, fica na pia enquanto escovo os dentes.

Lutar lado a lado para viver é algo muito forte, único, especial.  Cria vínculos inexplicáveis.

Sagui não precisa saber falar para eu reconhecer sua gratidão.

E eu não preciso aprender a miar para ser a mãe dela.

Juntas somos a prova de que amor não escolhe espécie.

♥♥♥♥♥♥♥♥

#myprecious

#milagrinha

#correntedobem

#nãotempreço

Montagem Sagui

If I fitz, I sitz

O pulso ainda pulsa!

Ando sumida, eu sei.

As últimas semanas me atropelaram de tal forma, que nem consegui anotar a chapa.

Não vi NADA nas redes sociais (parabéns aos aniversariantes do mês, btw), ainda não respondi comentários atrasados do blog (mas li tudo e amei! :)), perdi o drama Adnet x Calabresa, não sei quem matou a Odete Roitman, quem sou eu, de onde vim, nem para onde vamos.

Em compensação, tivemos o primeiro episódio de xixi no penico (♥), uma nanogata, que não é mais nano, agora come ração e já sobe na cama (♥♥), um sobrinho/primo que chegou (♥♥♥), outro que está a caminho (♥♥♥♥), uma filha que se revelou são paulina (♥♥♥♥♥ – https://www.youtube.com/watch?v=XJXxRJ-YB2g), madrugadas de terror noturno, cachorros doentes e muito, muito, muito trabalho (remunerado, voluntário e familiar – Conhece a Fraîche? Não????? Então, clica aqui!).

Enfim, vim apenas para dizer que o blog não está abandonado, eu ainda amo ocêis tudo e vou voltar, tenho várias histórias bizarras, corujices e diálogos com o maridón acumulados para dividir por aqui.

Esperem por mim, jajá retomaremos a programação normal!

Beijos!

🙂

Tudo junto e misturado

Era para ser um vídeo da Sagui aprendendo a correr e saltitar pela sala. Mas, ao invés da macaquinha-cabritinha, virou um vídeo da Pi chamando a “Tabi”.

Porque em casa é sempre desse jeito, quando quero filmar as filhas aparecem os gatos, quando quero filmar os gatos aparecem as filhas e, de vez em quando, ainda rola a revelação de uma identidade secreta.

Assim caminha a humanidade.

Ainda bem.

🙂

#crescerjuntoétudodebom

#felíciaisindahouse

#milagrinha

Feliz 26 meses, Pi! :)

Ok, eu admito. As fotos andam cada vez mais improvisadas.

Falta tempo, falta colaboração, falta equipamento, falta tudo.

Mas, pelo menos dessa vez, eu fiz um filminho fofo com a Sagui para compensar 🙂

“Um dia a areia branca
Teus pés irão tocar
E vai molhar seus cabelos
A água azul do mar

Janelas e portas vão se abrir
Pra ver você chegar
E ao se sentir em casa
Sorrindo vai chorar

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos…”

#gladyoucame

#vinteeseismeses

IMG_5590

Pi e Sagui ♥

Sagui Armstrong

Sagui quase foi e voltou algumas vezes ao longo dos seus vinte e poucos dias de vida.

Uma verdadeira guerreirinha.

Foram muitos sustos, progressos, retrocessos, instabilidade, tremeliques e atrasos no desenvolvimento.

Duas semanas de luta diária, que me esgotaram como se fossem meses.

Mal conseguia dormir, sem saber o que encontraria na mamada seguinte.

Como descansar deixando de lado um mini ser molinho, largado, tremendo em suas mãos?

Ninguém acreditou. Ninguém pensou que pudesse dar certo. A veterinária contou que reverteu um único caso como o dela, em toda a sua carreira.

Mas milagrinhos acontecem todos os dias.  E é lindo de se ver quando um deles aparece.

É um privilégio poder acompanhar de perto cada conquista, cada evolução, cada pequena vitória.

Hoje eu ganhei. Na mega sena acumulada, dupla twist carpada: Saguizinha deu seus primeiros passos. Sem tremer, sem tombar para os lados, sem perder a força, nem se arrastar.

Foram quatro passos inteiros, do fundo da caixa até a porta, onde eu estava.

Quatro passos até mim, seguindo minha voz, já que ela ainda não enxerga.

Quatro passos firmes e decididos, de quem escolheu viver.

Quatro passos, que fizeram tudo valer a pena.

Obrigada, macaquinha. O céu é o limite para nós. ♥

#nãotempreço

#milagrinha

#correntedobem

Sagui crescendo

Uma manhã (literalmente) cagada

– 4:30 am: levantei para cuidar da Sagui, mas ela não quis mamar de jeito nenhum. Já comecei a ficar em pânico.

– 5:00 am: Pi teve um pesadelo e acordou aos prantos, inconsolável.

– 5:30 am: Passarinhos começaram a cantar na janela. Pi ainda estava acordada, com seus quase quinze quilos, no meu colo.

– 6:00 am: Cachorros começaram a uivar. Pi ainda estava acordada, com seus quase quinze quilos, no meu colo. Perdi a sensibilidade nos braços, costas e pescoço, mas ela parou de chorar, já estava no lucro.

– 6:30 am: Pi até que enfim se acalmou e dormiu, com seus quase quinze quilos, ainda no meu colo. Consegui fazer um movimento ninja e acomodá-la na cama. Sensibilidade corporal imediatamente recuperada, agora em forma de dor.

– 6:45 am: me joguei feito jaca podre na cama e rasguei o lençol. Cogitei trocá-lo por quase três segundos, mas méh… Decoração rústica está in.

– 7:30 am: maridón saiu para trabalhar.

– 7:35 am: Lily acordou para mamar animadíssima, distribuindo sorrisos, sem nenhum indício de que talvez, quem sabe um dia, pudesse voltar a dormir.

– 7:45 am: Sagui começou a piar. Pensei que fosse fome e avisei que ela já era a próxima da fila no bonde das mamadas (sim, eu converso com eles, podem me julgar).

– 8:00 am: abri a caixa da Sagui e encontrei o Atol de Moruroa, em um caos de destruição e cocô incompatível com um serzinho que pesa menos de duzentos gramas.

– 8:05 am: me recuperei do choque e comecei a limpar a baderna.

– 8:15 am: ainda limpando a baderna. Lily começou a chorar.

– 8:30 am: ainda limpando a baderna. Lily ainda chorando. Pi acordou. Faltava meia hora para minha auxiliar chegar.

– 8:45 am: desisti e fui dar banho na nanogata, enquanto três pessoas choravam (prefiro não revelar as identidades).

– 9:15 am: minha auxiliar subiu, entreguei as meninas para terminar de cuidar da Sagui, que já estava com a mamada ultra atrasada.

– 9:16 am: Pi se rebelou e virou o Godzila, gritando “Mamai! Mamai!”, em tons guturais.

– 9:17 am: Pi agarrou a minha perna. Derrubei todo o leite da nanogata no microondas, armário, porta da geladeira e chão.

– 9:25 am: Limpei a maçaroca usando apenas a mão direita (sim, sou canhota), já que a esquerda estava ocupada com a Pi e a gata no colo. Ser mãe é desenvolver novas habilidades a cada dia, que benção.

– 9:30 am: Preparei novo leite para a Sagui, ainda com a mão direita.

– 9:32 am: Pi, continuava surtada (terrible two ♥). Coloquei-a no chão e ela derrubou o leite da gata na toalha da mesa, tentando subir de volta para o meu colo.

– 9:40 am: Pi fez um cocô homérico e não deixou ninguém trocar, “só a mamai”.

– 9:42 am: Pi organizou uma rebelião no presídio, começou a gritar, chorar e esfregar a fralda de cocô no chão, me obrigando a interromper os cuidados com a coitada da gata, antes que fosse preciso chamar a Tropa de Choque.

– 9:50 am: ainda tentando fazer a Pi deitar para trocar a fralda. Sagui piando de fome.

– 9:55 am: desisti de tentar trocar a fralda da Pi e dei uma de Supernanny: “a mamãe está aqui, quando quiser trocar a fralda, me avisa”.

– 10:00 am: dei uma gota de Glicopan para a Sagui e fui preparar a mamadeira dela pela terceira vez.

– 10:05 am: Pi começou a chorar, subiu no meu colo (cheia de cocô) e derrubou a mamadeira da gata na toalha DE NOVO (juro, juro, juro).

– 10:06 am: Fui trocar a fralda da Pi, enquanto a Shae lambia o leite derramado. Mais uma diarreia a vista, ótimo.

– 10:15 am: fralda trocada, mesa limpa, finalmente fiz a QUARTA mamadeira da Sagui, que não quis mamar.

– 10:25 am: tive que passar sonda na Sagui, para ela não ficar desidratada, enquanto a rebelião da Pi continuava firme e forte, a todo vapor nas minhas orelhas.

– 10:45 am: terminei tudo e decidi entrar no banho, ultra mega blaster atrasada, sem cuidar dos demais bichos, nem tomar café da manhã.

– 10:46 am: Lily começou a chorar de fome.

– 10:47 am: coloquei a roupa de volta e fui amamentar a Lily. Pi começou a chorar, com ciúmes, pedindo “colinho da mamai”.

– 11:00 am: estou aqui, amamentando uma filha, com a outra no colo. Sem banho, sem comida, sem trabalho, nem dignidade. Meu dia – que começou as 4:30 da madrugada -, ainda nem começou de verdade.

Mas está fácil, está bacana, está beleza.

Usem camisinha.

O mundo é bão, Sebastião! :)

Sagui quase virou estrelinha essa noite.

Ficou molinha, cabeça caída, sem reagir.

Passei uma das piores madrugadas da minha vida, lutando ao lado dela e chorando, já sem esperança.

Mas Sagui quer viver. Quer virar gatinha, crescer forte, correr e brincar.

Sagui quer ter uma chance.

E me mostrou abrindo os olhinhos hoje, pela primeira vez.

Aí as noites em claro e as lágrimas ficaram pequenininhas, perderam a importância. Nada se compara à alegria de presenciar um serzinho sendo apresentado ao mundo.

Vive, bebezica, vive.

Estou aqui, com vc.

#correntedobem

#milagrinha

Sagui olho aberto