#hashtags

Meu nome é Ana Paula, tenho 31 anos, não fumo, não bebo, não tenho vícios, mas uso hashtags.

Indiscriminadamente. Em redes sociais, e-mails, SMS e Whatsapp. Adoro o poder de síntese que elas têm e a ideia de resumir todo o texto em uma única palavra ou frase.

Abuso mesmo. E não ligo a mínima para o fato de elas serem inúteis fora do twitter.

Pronto, era isso. Podem me julgar.

#hashtagsualinda

Ser mãe X crises de abstinência

Ser mãe é lindo. Mágico. Incrível. O milagre da vida, piriri, pororó (completem a frase com todos os clichês que estamos carecas de escutar).

Mas o que ninguém conta é que, apesar de sua vida mudar radicalmente (para melhor, claro, porque se não ninguém teria o segundo filho), vc sente sim falta de algumas coisas da rotina antiga. E tudo bem. Vc não é uma mãe melhor ou pior por causa disso.

Eu, por exemplo, sinto muita falta de viajar. Não que não seja possível viajar agora, mas é diferente. Hoje, qualquer passeio demanda certa estrutura, preparo, organização. Não dá mais para acordar, enrolar na cama, sair para tomar café da manhã na rua, andar o dia todo sem compromisso, visitar museus, pontos turísticos e esquecer-se de almoçar, por exemplo.

E olha que a Pi é uma criança tranquila, do tipo que nos acompanha em tudo, desde restaurantes mais bacanas, até lugares barulhentos, sem stress.

O problema é que sua responsabilidade muda. Vc pode até forçar a barra, improvisar uma mamadeira no lugar da papinha, colocar o bebê no carrinho e passar à tarde no tal museu, enquanto ele dorme. Porém, nunca mais será aquela coisa leve e despreocupada, sem horário, obrigações, nem trocentas sacolas, bolsas, brinquedos e cacarecos pendurados nos ombros, carrinho e pescoço.

E o vinho? Ah, o vinho.

Eu e o marido sempre gostamos de tomar vinhos. Mesmo sem motivos, para acompanhar a pizza às quartas-feiras, durante o futebol, sabem?

Aí, do dia para a noite, eu viro a deusa da fertilidade, emendo gravidez-amamentação-gravidez-amamentação em um looping eterno e pronto! Lá se vai meu vinho, suspenso por tempo indeterminado.

Minha médica ainda foi legal e liberou uma taça por semana. O que não ajuda muito, mas é melhor do que nada, não vou reclamar. Já me peguei pensando várias vezes: “quando parar de amamentar – de novo – vou tomar uma garrafa de pinot noir inteira!”. Praticamente uma alcoólatra, eu sei.

Por último, sinto saudades das minhas roupas.

Parece bem fútil (e é mesmo), mas tive várias crises de choro, porque tinha a festa x para ir e o vestido que seria perfeito para ocasião não iria me servir.

Algumas mulheres se sentem lindas e plenas durante a gestação. E muitas vezes estão de verdade. Mas só quem gosta de moda e entrou em uma loja de roupas para grávidas entende o que estou falando.

Achar algo que não seja multicolorido, estampadésimo, monocromático ou que transforme a pessoa em um botijão de gás, vestido de chita, é quase o mesmo que encontrar uma agulha no palheiro, salvo raríssimas exceções.

No começo, vc ainda está plena, iluminada, cheia do tal milagre da vida e releva, não tem importância. No entanto, conforme os meses vão passando, tudo que se quer é sair de casa sem parecer que brigou com o guarda-roupa ou que está enrolada no lençol.

Ainda bem que essa fase passa e o sorriso deles compensa tudo.

Enquanto isso, eu planejo minha segunda lua de mel na Itália, com muitas roupas deslumbrantes, vinhos e passeios, em 2015. Ou não! Rs

#afroditefeelings

Cecília

Imagem

“Quantos artistas

Entoam baladas

Para suas amadas

Com grandes orquestras

Como os invejo

Como os admiro

Eu, que te vejo

E nem quase respiro

Quantos poetas

Românticos, prosas

Exaltam suas musas

Com todas as letras

Eu te murmuro

Eu te suspiro

Eu, que soletro

Teu nome no escuro

Me escutas, Cecília?

Mas eu te chamava em silêncio

Na tua presença

Palavras são brutas

Pode ser que, entreabertos

Meus lábios de leve

Tremessem por ti

Mas nem as sutis melodias

Merecem, Cecília, teu nome

Espalhar por aí

Como tantos poetas

Tantos cantores

Tantas Cecílias

Com mil refletores

Eu, que não digo

Mas ardo de desejo

Te olho

Te guardo

Te sigo

Te vejo dormir

(http://letras.mus.br/chico-buarque/121672/)

O famigerado ataque das moscas

Estava sentada, trabalhando tranquila, quando passou uma mosca gigante na sala.

Ok, ela não parecia tão inofensiva – leia-se MEGA nojenta – mas enfim, era só uma mosca e eu sou amiga da natureza.

Aí apareceu outra. E outra. E mais uma. E eis que, em cinco minutos, a sala virou um bloquinho-de-carnaval-de-Salvador de moscas gigantes, nojentas, saindo pelo vão do forro, pelo chão, pelas tomadas, pelas lâmpadas.

Elas não pareciam nada felizes. Zumbiam irritadas, batiam nas coisas, trombavam umas nas outras. Tipo cena de filme trash dublado dos anos 80 do SBT (ok, denunciei a idade com essa comparação, eu sei).

Antes de sair correndo, porque nessa hora eu nem estava mais tão amiga dos animais assim, mandei mensagem geral, perguntando o que estava acontecendo no escritório e todo mundo: “moscas? não, aqui tudo normal!”.

COMO ASSIM???

Sim, foi isso mesmo. Minha sala foi a ÚNICA do escritório a ser invadida por mais de 50 moscas gigantes e furiosas no meio da tarde, sem motivo aparente.

Porque esse tipo de coisa só acontece comigo. É azar Hurley-de-Lost level e nem ganhei uma fortuna na loteria para compensar!

#premiadafeelings

#homeless

#chutaqueémacumba

Chuta que é macumba!

Abril começou pesado. A Pi teve uma crise brava de bronquiolite e precisou ser internada. Uma semana no hospital, aos sete meses de idade, já seria dose para leão e pensei que fosse a cota do semestre. Não foi.

Os remédios deram reação nela e tivemos que suspender tudo. Corre no neuro daqui, faz eletro-encefalograma dali, pais morrem de preocupação no meio do caminho.

Ok, passou.

Aí sua gatinha mais amada, mais querida, mais sofrida, mais milagrinho, começa a definhar e vc descobre que ela tem linfoma, um tipo de câncer. Quimio marcada, luta travada e o veterinário conta que a expectativa de vida dela é de apenas 4 (QUA-TRO!) meses, porque o tratamento é incompatível com a FIV (AIDS felina, da qual é portadora).

Ok, respira, chora. Não vai passar tão cedo.

Aíííí, para dar uma animada nas coisas, vc descobre que está grávida de novo (SAY WHATTTT??) e, portanto, precisa desmamar sua filha.

Ok, se recupera do susto, trabalha a culpa na terapia, segura na mão de Deus e vai.

Aíííííí, seu marido acorda passando mal e GRITANDO de madrugada. Vc não pode levá-lo para o hospital, porque está grávida (grávidas não podem entrar em hospitais comuns, porque ficam com a imunidade muito baixa) e sua filha está dormindo no quarto ao lado. Ou seja, fica sofrendo a noite toda a distância, sem dormir e sem notícias.

Crise de apendicite detectada, cirurgia marcada, vc deixa a filha com os padrinhos e corre para o hospital, ignorando a orientação médica e o fato de que vc está acordada há 48 horas, virada no jiraya. E turbinada na progesterona, claro, porque descarga hormonal pouca é bobagem.

Ok, as coisas vão se acertar, pensamento positivo.

Aííííííííííí, como não falta acontecer mais nada, SÓ PODE ficar tudo bem. Mas não! O plano de saúde surta, recusa a internação sem NENHUM fundamento e lá começa a via-sacra de distribuir ação, pedir liminar, conseguir autorização, etc e tal.

E vcs acham que acabou? Na-na-ni-na-não! Se vc ligar agora, ainda ganha um episódio exclusivo de invasão de moscas gigantes, uma batida no carro, com motorista imbecil de bônus, e um pintor desabando da escada, com a lata de tinta na mão, manchando tudo, tudo, tudo, Papai Noel. Isso sem falar de futebol, do trabalho e do stress básico do dia a dia, óbvio.

Então, se eu não respondi sua mensagem, não atendi sua ligação ou esqueci seu aniversário, está explicado o motivo. Peço mil desculpas e prometo que, tão logo possível, retomarei a programação normal.

Não está fácil para ninguém, eu sei. Mas o pior de tudo é não poder nem tomar uma Kaiser antes.

O começo

“Paula, por que vc não escreve um livro ou um blog?”

Ouvi muitas vezes essa frase, mas sempre pensei que as pessoas estavam sendo simpáticas ou gentis.

O que eu teria a dizer?
Quem iria ler o que quer que eu tenha a dizer?

Vou falar sobre futebol? Já tive mais conhecimento, mais fanatismo, melhor fase do time (abafa o caso).
Sobre proteção animal? Sobre viagens? Sobre gravidez e filhos? São tantos os blogs sobre esses temas, que seria muita pretensão a minha pensar que teria algo a acrescentar.

O que eu tenho de diferente?

Bom, sou vegetariana, canhota e tenho RH negativo, mas também acho que ninguém gostaria de ler posts sobre esses assuntos.

Tenho 10 gatos, 4 cachorros, 1 pequena humana e outro a caminho (era segredo ainda, mas quem está lendo, né?)

Coisas bizarras acontecem comigo. Mas bizarras mesmo. E só comigo. Tipo derrubar a mesa em um casamento. Ou ficar presa no lavabo da casa do ex-namorado e terem que chamar os bombeiros para me resgatar. Ou o montador vir entregar o sofá novo e fazer cocô (não adianta, não existe forma delicada de contar isso) no meio da minha sala. Enfim, vcs pegaram o espírito.

Então é isso. Vou falar sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada em especial.

Se vc espera posts profundos, políticos e discussões sobre a economia do país, pode pular para o próximo blog. Não sou sua pessoa.

Caso contrário, entra, senta, fica a vontade. A casa é nossa.