Essa noite acordei, às três e meia da manhã, com a Jojo me cutucando (ju-ro!).
Ela tinha passado mal, tido uma senhora diarreia e sujado tudo no caminho entre a caixinha de areia do banheiro e a minha cama. Inclusive meus lençóis e ela própria.
Mas ao invés de ficar brava ou reclamar, meu coração se encheu de ternura e compaixão pela minha filhota, que está sofrendo tanto nesse finalzinho de vida.
Arrumamos tudo, demos um semi-banho de lenços umedecidos, trocamos a roupa de cama e a vimos se instalar de novo no meu travesseiro, aliviada por estar limpinha.
Fiquei um tempão ali, fazendo carinho nela e pensando em como as coisas mudam com o passar dos anos. Não falo apenas do amadurecimento natural, inerente ao envelhecimento do ser humano. Falo do amadurecimento pelo amor.
O amor pelos filhos é tão grande, que a gente supera o nojinho desses incidentes cotidianos, como se nada fossem. Resolvemos o problema e segue o jogo, sem mimimis.
Uma vez, estava almoçando com a Pi e a Tia Ciça em um restaurante que adoro e, ao pegar a Pi no colo, percebi que ela tinha feito um cocô FEDERAL, nunca dantes visto na história desse país!
Tinha vazado por tudo, tudo, tudo, Papai Noel! Sujou as roupas (minhas e dela), car seat, relógio, braço e o que mais estivesse ao alcance. A Pi tinha cocô, literalmente, até na testa!
Para ilustrar bem o estado de calamidade pública, as pessoas das mesas ao lado ofereceram papel, lencinhos umedecidos, a dona do restaurante nos levou para o escritório e me ajudou a trocar a Pi.
Eu, toda sem graça, pedindo um trilhão de desculpas, e ela, super zen: “relaxa, eu tenho filhos!”. Claro que fiquei ainda mais fã e virei freguesa do lugar (Les Delices de Maya, na Morato Coelho. Recomendo com olhos fechados, podem ir!).
Porém, o que me chamou a atenção nessa frase da Maya é que realmente alguma coisa muda quando os filhos nascem (ou aparecem, como no meu caso). Parece que vira uma chavinha interna e você supera nojinhos e aflições, para resolver logo a parte prática e continuar a vida.
Claro que continuamos odiando cocôs, diarreias e vômitos em geral. Claro que o cheiro e a sujeira incomodam. Mas não é mais aquele big deal, sabem?
Regurgitos, nariz escorrendo, babas infinitas (que em meio a tantas escatologias, ficam até lights) e incidentes pastosos se tornam parte do nosso dia a dia.
Você para, limpa, desinfeta tudo e volta a fazer o que estava fazendo – inclusive comer – numa boa, sem arrepios, tremeliques ou ficar lembrando da cena/cheiro por horas.
Ainda não passei pelo teste de vômito de bolachinhas Bon Gouter (troço fedido!) no carro, mas acho que, com 16 filhos, entre humanos e quatro patas, devo mesmo tirar de letra (e jogar o carro fora em seguida, óbvio!).
Se isso não for a própria definição de amor incondicional, minha gente, eu não sei o que será!
#sermãeéfazerumafaxininhanoparaíso