Quando fiquei grávida pela primeira vez, a pergunta que mais escutei foi: “e agora, o que vc vai fazer com os seus gatos??”.
Aí eu respondia “nada, ué!” (de uma forma um pouco menos gentil, confesso) e as pessoas me olhavam como se eu fosse a mãe mais irresponsável e maluca do mundo e região.
Dessa vez, as perguntas estão menos frequentes, talvez porque todos acompanharam a gravidez da Pi e viram que deu tudo certo, talvez porque minhas rosnadas anteriores passaram bem o recado.
Mas a verdade é que o tema ainda gera muitas dúvidas e acho importante usar esse espaço para explicar que a questão de gatos e toxoplasmose não é nada do que pintam!
Para se contrair a doença de um gato, ele precisa estar contaminado, o que por si só já é raro (apenas 1% – UM POR CENTO! – dos gatos são hospedeiros), você precisa limpar as fezes deles – expostas há mais de 72 horas – com as mãos e depois coloca-las na boca, ou seja, praticamente impossível, para quem tem um mínimo de hábito de higiene.
Além disso, o gato só se contamina uma vez na vida e elimina o bichinho por cerca de dez dias nas fezes. Após esse período, ele fica imune e não contamina mais ninguém. Em outras palavras, se o exame do seu gato der positivo e ele estiver na sua casa há mais de um mês, não existe mais risco dele transmitir a doença.
Se o seu gato não sai de casa, não caça, nem come carne crua, não há o que temer. Risco muito maior é comer uma saladinha matadora em um restaurante por quilo, daqueles limpíssimos (#not) que existem por toda a cidade, pode acreditar.
Prova disso é que eu tenho 10 gatos em casa, cuidei de centenas deles no abrigo, resgatei vários, mesmo grávida, e meus exames continuam negativos. Na última gravidez resgatei dois gatos com uma diarreia federal, além da Paçoca, que amamentei de 3 em 3 horas e estimulava para fazer xixi e cocô, durante madrugadas a fio, e nada aconteceu.
Já passou o tempo de exterminar esse preconceito bobo, que faz com que centenas de gatos sejam abandonados diariamente, assim que as mamães recebem o resultado positivo da gravidez. Gatinhos que antes dormiam na cama, tinham sofá, família e barriguinha cheia são jogados de volta nas ruas ou devolvidos para gaiolas em abrigos, sem dó nem piedade, TODOS OS DIAS, porque as pessoas acreditam em tudo que ouvem por aí (inclusive de alguns médicos, infelizmente).
Não sei se esse texto será útil ou mudará alguma coisa. Porém, se eu conseguir plantar essa sementinha em uma grávida que seja, já terá valido a pena.
Animais e crianças juntos são tudo de bom. Não privem seus filhos dessa convivência tão especial, por causa de uma crendice idiota.
#aculpanãoédogato
Toxoplasmose, a culpa não é do gato! – parte 2, a missão aqui 🙂