Estava esperando a vida entrar nos eixos para contar da mudança, da casa, da escola, do transporte dos bichos (obrigada, Julia!), tudo com riqueza de detalhes e muitas, muitas, muitas fotos, mas sejamos francos: quarenta dias se passaram e eu nem desfiz as malas. Literalmente.
Atualização no whatsapp, redes sociais, e-mails respondidos e posts feitos são uma realidade que não me pertence mais. Subestimei rude a adaptação.
Então resolvi aceitar, que dói menos e partir para drops curtinhos sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada, que é o que temos para hoje. Shall we?
Nossa auxiliar é russa. Ela vem três vezes por semana, por míseras (e preciosas) três horinhas. E não fala uma palavra de inglês, espanhol, português, nem a língua do P, ou seja, esgotamos minhas possibilidades.
Nossa comunicação é feita basicamente via irmã dela, ao celular, por mímicas ou aplicativos de tradução, o que é bem bizarro, porque uma precisa ficar esperando a outra digitar e nunca tem muita certeza se a tradução foi fidedigna, ainda mais quando a reação dela não orna tanto com o que escrevi.
Tenho colocado muitos sorrisinhos nas conversas, para ver se ajuda. De duas uma: ou ela me acha muitíssimo simpática ou uma retardada, com diálogos do tipo:
“Só não mexa nessa gata, por favor, ela morde 😊😊😊😊”
ou
“O aspirador está logo ali ☺️☺️☺️☺️☺️”.
ou
“Meu marido quebrou uma garrafa aqui, cuidado! 🙂 “
Prefiro acreditar na primeira opção.
Pois bem.
Hoje a Russa quis estreitar laços.
Batemos o maior papo na mímica, faltou só uma cervejinha gelada para o clima ficar completo (lembrando que a sensação térmica é de -11. Super tranquilo e favorável).
Contou que está aqui desde 2003, que não gosta, sente falta da família. Filho está doente, com febre e vomitando.
Perguntou se eu era espanhola (?), a idade das meninas, me ensinou a tirar etiquetas com o secador, tomamos café juntas, um vínculo bacana sendo formado.
Eis que, DO NADA, ela vira e pergunta se estou grávida, com aquela mão na barriga CLARÍSSIMA, que não tem como disfarçar, nem ter sido um mal entendido linguístico.
Aí eu pensei nas (poucas, mas ainda válidas) horas que gastei na academia (merecem um post a parte, anotem aí). Nas horas que passei na cozinha preparando comidinhas saudáveis (nem vou fazer um post a respeito, digamos apenas que o alarme de incêndio foi disparado. Twice). Em todas as sobremesas maravilhosas que recusei na terra do apfelstrudel (um crime!).
E resolvi terminar assim nossa bonita amizade.
Alemanha 0 x Brasil 1 x Russia negativa na tabela. And counting.
Fim
#russasincera