Daí que essa é minha segunda licença maternidade e, justamente por isso, eu tinha certeza de que tiraria de letra o retorno ao trabalho.
Já vivi essa fase, já chorei, me desesperei, racionalizei e vi que as coisas dão certo no final. Passar por tudo de novo seria o mesmo que ler um suspense pela segunda vez. Vc já sabe que o assassino é o mordomo, não precisa ficar sofrendo a cada capítulo, certo?
Spoiler alert: não, errado.
Nos meus devaneios de mulher moderna, eu só não contava com um detalhe muito importante: deixar um filho em casa após seis meses (na verdade quinze) de simbiose profunda é quase tão simples e indolor quanto arrancar um rim a sangue frio. Ou o coração, para ser mais poética, vai.
Agora, deixar duas filhas de uma vez é infinitamente pior. Tipo arrancar todas as unhas dos pés e das mãos com alicate, dar marteladas e depois jogar sal.
Para facilitar ainda mais o processo, porque pouco drama é bobagem, ontem uma das minhas auxiliares pediu demissão. Pelo telefone. E a outra entrará em férias por um mês, exatamente na semana em que eu voltarei a trabalhar. Timing ÓTEMO, uma beleza para eu ficar bem segura e tranquila.
Não, eu não estou preparada. A Lily não está preparada. A Pi, então, nem se fale. Ela está a anos luz de estar preparada.
Como lidar?
Antes que alguém me julgue e diga que “não posso me esquecer de mim”, quero explicar que não tenho a menor pretensão de abandonar minha carreira e virar mãe em tempo integral, ad eternum.
Só precisaria de mais seis míseros mesezinhos, até que a Lily parasse de mamar durante as madrugadas (oremos!), as meninas estivessem maiores e pudessem ir à escola no verão. Seis mesezinhos de um tempo que não volta mais na infância das minhas filhotas, a fim de que eu possa prepará-las para tudo que está por vir.
Será que é pedir demais?
Sim, é, eu sei.
Por isso estou aqui, em plena contagem regressiva, amaldiçoando quem queimou os sutiãs e fazendo listinhas mentais intermináveis de vantagens e desvantagens, na tentativa de me convencer a fazer o que é “correto”.
Por enquanto, o retorno à vida antiga está ganhando por um triz. “Toda escolha implica em um renúncia, vai dar tudo certo” é meu mantra atual.
Duro é o gostinho amargo de “she’s not Rachel”, que teima em permanecer entalado na garganta.
#sermãeé
Ai Paula, nem me fala! Para mim ainda falta 3 meses mas toda vez que penso nisso me parte o coração. De 24h com as crias para 11h longe deles, é brabo! Eu fico amaldiçoando as queridas que queimaram os sutiãs também!! Mas ao mesmo tempo só de pensar em ficar em casa direto me dá um nervoso. Não nasci para isso. Acho que se eu não gostasse muito do que faço seria bem mais fácil optar por ficar com meus filhos em casa.
Eu sei que não te ajudei em nada mas só queria dizer que estamos na mesma!
Bjs
É exatamente isso, Andrea, estamos na mesma. Eu não queria ficar em casa para sempre, só mais seis meses e tudo ótimo! Sair de casa todos os dias com a Pi chorando, esticando os bracinhos e gritando “mamai! mamai!” está partindo meu coração 😦
Puxa, Paula, escrevi sobre isso ontem porque acho uma meleca ter que fazer essa escolha. Enfim, qualquer mãe vai te dar argumentos para um lado ou para o outro. Eu mesma poderia citar mil motivos. Mas acho que isso apenas cria mais pressão, né? Enfim, o essencial é ter coragem de tentar fazer valer o que você acha realmente o melhor para você e para elas. Encarar o desafio. Tudo o mais, você resolve tendo tomado a decisão, como teria que fazer se tivesse decidido pelo contrario também. Boa sorte e abraço grande, Alê.
Obrigada, Alê! Está sendo muito difícil mesmo, a Pi está sentindo demais a minha ausência (bem mais do que a Lily), mas como minha avó dizia, o que não tem remédio, remediado está. É o que temos para hj? Então vamos em frente, que atrás vem gente, né?
Beijão!