Confissão de uma criminosa

Meus vizinhos têm três gatos, que vivem soltos pela rua. Do jeitinho que eu gosto, só que ao contrário.

Ontem, a mais novinha, com seis meses no máximo, entrou no cio e o gatão preto do bairro (que tento pegar há meses, sem a menor chance) já foi para cima.

No começo, tentei apenas separá-los, dei sachê, coloquei a gata de volta na casa dela pelo muro, mas nada adiantou. A dança do acasalamento se prolongou pela tarde inteira.

Aí, sem alternativa, eu fui lá e fiz o que qualquer pessoa faria: sequestrei a gata e escondi no meu carro, enquanto ia buscar a Pi na escola.

A ideia era castrá-la e devolvê-la aos donos, mas a veterinária está viajando e eu teria que esconder a gatinha até o final da semana que vem.

Meu talento para o mundo do crime já não é lá essas coisas e foi por água abaixo quando a culpa bateu por deixar a família tantos dias preocupada, sem saber o que houve. Certeza que eu seria daquelas que confessaria tudo na salinha do espelho falso da polícia, em menos de 30 segundos.

Resolvi ser racional, tocar a campainha, explicar que a gata estava toda mordida e avisar que eles poderiam ficar tranquilos, eu iria cuidar de tudo. De criminosa a salvadora da pátria em um pulo. Não tinha como dar errado.

Eu só não contei com um fator muito relevante: a imbecilidade humana.

A vizinha me atendeu, ouviu tudo e soltou: “Não, EU SOU CONTRA A CASTRAÇÃO, deixa assim!”.  E ainda arrematou, em um golpe de misericórdia: “O gatão que cruzou com ela era bonito, pelo menos?”.

Minha vontade era dar um pedala na cretina, mas consegui manter a classe (grávida, mãe de família, sabem como é) e tentei argumentar: sua gatinha ainda é filhote, não está pronta para dar cria. Nada. Ela está sujeita a muitas doenças como FIV (AIDS) e FELV (leucemia viral). Nada. Castração traz muitos benefícios à saúde e evita problemas no futuro. Nada. Você não terá custo nenhum, eu assumo as despesas. Nada. Serão muitos filhotes, crescendo sozinhos na rua e se reproduzindo em PG! Resposta: Eba!!! Adoro filhotes!

Diante disso, fui obrigada a devolver a gata e voltar para casa inconformada, pensando que deveria ter ficado quieta e castrado de uma vez.  Lição aprendida.

Até porque, adivinhem para quem esses filhotes vão sobrar? Já me vejo daqui a dois meses, com barrigón de sete, catando filhotes na esquina de casa, para eles não serem atropelados… Essa é a minha vida, esse é o meu clube.

Enfim, esse post é só um desabafo, para confessar que cometi um crime, mas foi rapidinho e ele nem deu certo.

Pior mesmo foi a vontade que ficou de cometer o segundo e dar um chacoalão na vizinha ignorante.

Será que o papa argentino me perdoa?

5 pensamentos sobre “Confissão de uma criminosa

  1. Pois então cometa o segundo crime com a benção do papa e de todos nós,só tome cuidado para não ser presa.Se você pudesse alegar que estava de TPM e não conseguiu se controlar,não seria presa,rsrsrs,mas com esta barriga não dá,bjs.

  2. Pingback: Burrito | PAULAtinamente

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