Trufa, a pomba resgatada, e as mazelas do mundo

Essa foi a noite mais fria do ano. 8 graus, sensação térmica de 4, chuva, vento gelado.

Pois bem. Estava chegando ao pilates (uma salva de palmas pela força de vontade, ainda que em vão), quando a secretária fez sinal para eu embicar o carro para o lado e empurrou alguma coisa com os pés.

Meu radar apitou na hora. Quem mexe com bichos conhece bem essa cara de nojinho, típica de quem encara animais carentes como um incômodo.

Descemos do carro e encontramos uma pomba ensopada, gelada, encolhida em um cantinho, no meio da chuva.

A secretária contou que ela estava assim há horas, sem forças para voar.

Como eu jamais teria coragem de deixá-la ali, pedi um pano, enrolei a pombinha (que sequer ofereceu resistência) e corremos para o hospital veterinário.

No caminho, ela – até então imóvel – abaixou as penas arrepiadas, apoiou a cabecinha e piscou tranquila, nitidamente aliviada.

Fiquei com muita esperança de um final feliz, mas, infelizmente, o prognóstico não foi animador: Trufa teve que ser internada na emergência, porque estava, literalmente, morrendo de fome e de frio. Está sem temperatura, desidratada, fraquinha e, segundo a veterinária, desistindo de viver. Demorou muito até chegar ali, NINGUÉM foi capaz de ao menos tirá-la da chuva e, agora, ela não está mais conseguindo lutar.

Se sobreviver a essas primeiras horas, o que é bem difícil, será avaliada por um especialista em animais silvestres e começaremos o tratamento para reabilitação.

Enquanto isso, estou aqui, acordada, com o coração apertado, inconformada com o fato da coitadinha ter passado horas agonizando sozinha, na porta de um estúdio de grande movimento, até que o socorro finalmente chegasse.

Morrer aos poucos, de fome e de frio, é muito triste.  Não consigo aceitar.

Por isso, qualquer torcida, vibração, pensamento positivo ou oração, seja de qual crença for, será mais do que bem-vindo.

Espero que não tenha chegado tarde, que tenha dado tempo de fazer a diferença na vida dela. Espero que a pombinha lute, se recupere e viva por mais vários anos, livre, feliz. E, por fim, espero que o mundo tenha cada vez menos Trufas e animais – humanos ou não – sofrendo pela falta do mínimo necessário à sobrevivência.

#correntedobem

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6 pensamentos sobre “Trufa, a pomba resgatada, e as mazelas do mundo

  1. Poxa Paula, engraçado como é fácil pensar em cachorros e gatos que perambulam pelas ruas e precisam de resgate, comida e um lar… e também como “fechamos” os olhos para todo o resto que nos rodeia.
    Parabéns pelo resgate, pela atitude, pelo radar sempre alerta e por tocar nosso coração com os seus posts!

    Mta força pra Trufa!!!

    Bjão!

  2. Força para a Trufa e para você também que acolhe esses bichinhos e que me enche os olhos de lágrimas por sentimentos opostos o bem e o mal.Bjs.

  3. Pingback: Adeus ano velho… | PAULAtinamente

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