Para quem não viu, esse meu post foi publicado, semana passada, no portal MMQD (Minha Mãe que Disse) e gostaria de compartilhá-lo aqui também.
Muitas pessoas discordaram, dizendo que a culpa é inerente a ser mãe. Eu sou brasileira, não desisto nunca e prefiro continuar remando contra a maré.
Quem sabe um dia eu consiga, né?
Movimento mãe – QUASE – sem culpa
Sempre pensei que fosse sentir muita culpa por deixar minha filha na escolinha desde tão cedo e sofri bastante com isso durante toda a licença maternidade. Imaginava que me sentiria menos mãe, terceirizando parte dos cuidados diários com ela.
Mas aí os dias, semanas e meses foram passando e a tal da culpa não apareceu.
Cheguei a imaginar que tivesse algo errado comigo, que eu estivesse quebrada ou que fosse uma mãe com defeito de fabricação.
Demorei para perceber que não há nenhum problema em querer que sua vida continue depois da maternidade (com certas adaptações, claro).
Vc continua tendo direito de trabalhar, jantar fora e querer uns minutinhos de tranquilidade, nem que seja só para navegar pela internet.
Ser mãe não nos torna menos humanas. O caminho é inverso.
Ainda nessa vibe mãe-desnaturada-egoísta, confesso que não saio correndo desesperada a cada resmungadinha da minha filha. Espero os cinco minutos que faltam para acabar meu prato, antes de trocar sua fralda, por exemplo.
A matemática é simples: esperar dez minutos não deixará ninguém assada, mas jantar comida gelada fará sim diferença para mim.
Da mesma forma, aprendi rápido que acidentes acontecem e que não adianta partirmos para o martírio ou para a autoflagelação.
Claro que ninguém aqui está falando de coisas graves, como esquecer a criança no carro. Falo de coisinhas bestas, que acontecem quotidianamente.
Nesses quase dez meses como mãe, a Pi já caiu do sofá e já fez um micro corte no supercílio, ao batê-lo na quina do notebook. Nas duas ocasiões quem estava cuidando dela era eu, ou seja, ninguém para culpar ou reclamar, a não ser eu mesma.
Porém, não aconteceu nada sério, nenhum ferimento grave e, passados dois segundos, ela nem lembrava mais do ocorrido. Vou ficar sofrendo por que? Lição aprendida, erro corrigido, pronto, passou. Bola para frente!
Acho que o segredo para manter a sanidade, sendo mãe hoje, é levar a vida leve. Não dá para cobrar que nós, com a rotina maluca que levamos, sejamos iguais àquelas mães dos anos 30, que bordavam o enxoval inteiro da prole e viviam em função dos filhos.
Infelizmente (ou felizmente), essa não é mais a nossa realidade. Pelo menos, não é a minha.
A verdade é que todas as mães sabem onde fica seu calcanhar de Aquiles – o meu é ter sido obrigada a deixar de amamentar a Pi, por conta de uma nova gravidez precoce. Ser julgada ou crucificada com base nisso é muito cruel.
Ninguém erra de propósito. A intenção com certeza era a melhor possível, era acertar.
Por isso não pode existir espaço para julgamentos e caraminholas na cabeça. Temos apenas que buscar ser as melhores mães que pudermos, sem sofrimento, nem culpa. Ou quase.